terça-feira, 18 de setembro de 2012
Quis pedir assim “Ana, me olhe nos olhos”, mas não queria obrigá-la a nada. “Ana, eu posso tirar sua virgindade. Você já trepou com mil caras, mas ainda é virgem, ainda tem aquela pele fina que quer se romper”. Ela continuava prestando atenção no livro, passando aquelas unhas curtas sobre as folhas ressecadas. “Essa pele fina se chama amor. Ana, olhe para mim”. Segurei seu queixo e coloquei meus lábios sobre os seus. Como sempre, depois de me beijar, ele não me olhou nos olhos. Voltou a ler, tossiu. A virgindade de Ana também estava nos olhos. Ela não olhava com sentimentos. Seus olhos eram maquiagem borrada, eu percebi desde a primeira vez que a olhei. “Não sou uma bagunça completa, tente me olhar.” Mas Ana não olhava. Raramente olhava. Ana e seus atos secos, puros, limpos. Ana, a virgem. “Eu também nunca amei, Ana. Eu também nunca amei. Vamos perder a virgindade juntos.” Mas talvez Ana tivesse decidido ser virgem para sempre.
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